ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA ITAJUBÁ
CURSO: ENSINO FUNDAMENTAL
PROFESSOR: VITOR MARCELO VIEIRA
PLANO DE ENSINO E APRENDIZAGEM 6º ANO
1 OBJETIVO GERAL DO CURSO DE HISTÓRIA
Espera-se que ao longo do
ensino fundamental os alunos gradativamente possam ampliar a compreensão de sua
realidade, especialmente confrontando-a e relacionando-a com outras realidades
históricas, e, assim, possam fazer suas escolhas e estabelecer critérios para
orientar suas ações. Nesse sentido, os alunos deverão ser capazes de:
- identificar relações sociais no seu próprio grupo
de convívio, na localidade, na região e no país, e outras manifestações estabelecidas
em outros tempos e espaços;
- situar acontecimentos históricos e localizá-los em
uma multiplicidade de tempos;
- reconhecer que o conhecimento histórico é parte de
um conhecimento interdisciplinar;
- compreender que as histórias individuais são partes
integrantes de histórias coletivas;
- conhecer e respeitar o modo de vida de diferentes
grupos, em diversos tempos e espaços, em suas manifestações culturais, econômicas,
políticas e sociais, reconhecendo semelhanças e diferenças entre eles,
continuidades e descontinuidades, conflitos e contradições sociais;
- questionar sua realidade, identificando problemas e
possíveis soluções, conhecendo formas político-institucionais e organizações da
sociedade civil que possibilitem modos de atuação;
- dominar procedimentos de pesquisa escolar e de
produção de texto, aprendendo a observar e colher informações de diferentes paisagens
e registros escritos, iconográficos, sonoros e materiais;
- valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a
diversidade social, considerando critérios éticos;
2
JUSTIFICATIVA
Como se aprende História? Como se ensina História?
Não se aprende História apenas no espaço escolar. As crianças e jovens
têm acesso a inúmeras informações, imagens e explicações no convívio social e
familiar, nos festejos de caráter local, regional, nacional e mundial. São
atentos às transformações e aos ciclos da natureza, envolvem-se com os ritmos
acelerados da vida urbana, da televisão e dos videoclipes, são seduzidos pelos
apelos de consumo da sociedade contemporânea e preenchem a imaginação com
ícones recriados a partir de fontes e épocas diversas. Nas convivências entre
as gerações, nas fotos e lembranças dos antepassados e de outros tempos,
crianças e jovens socializam-se, aprendem regras sociais e costumes, agregam
valores, projetam o futuro e questionam o tempo.
Rádio, livros, enciclopédias, jornais, revistas, televisão, cinema, vídeo
e computadores também difundem personagens, fatos, datas, cenários e costumes
que instigam meninos e meninas a pensarem sobre diferentes contextos e
vivências humanas. Nos Jogos Olímpicos, no centenário do cinema, nos cinqüenta
anos da bomba de Hiroshima, nos quinhentos anos da chegada dos europeus à
América, nos cem anos de República e da abolição da escravidão, os meios de
comunicação reconstituíram com gravuras, textos, comentários, fotografias e
filmes, glórias, vitórias, invenções, conflitos que marcaram tais
acontecimentos.
Os jovens sempre participam, a seu modo, desse trabalho da memória, que
sempre recria e interpreta o tempo e a História. Apreendem impressões dos
contrastes das técnicas, dos detalhes das construções, traçados das ruas, dos
contornos das paisagens, dos desenhos moldados pelas plantações, do abandono
das ruínas, da desordem dos entulhos, das intenções dos monumentos que remetem
ora para o antigo, ora para o novo, ora para a sobreposição dos tempos. Tais
fatores instigam-os a intuir, a distinguir e a olhar o presente e o passado com
os olhos da História. Aprendem que há lugares para guarda e preservação da
memória, como museus, bibliotecas, arquivos, sítios arqueológicos. Entre os
muitos momentos, meios e lugares que sugerem a existência da História, estão,
também, os eventos e os conteúdos escolares. Os jovens, as crianças e suas
famílias agregam às suas vivências, informações, explicações e valores
oferecidos nas salas de aula. É, muitas vezes, a escola que cria estímulos e
significados para lembrar ou silenciar sobre este ou aquele evento, esta ou
aquela imagem, este ou aquele processo.
Algumas das informações e questões históricas, adquiridas de modo
organizado ou fragmentado, são incorporadas significativamente pelo
adolescente, que as associa, relacionam, confronta e generaliza. O que se torna
significativo e relevante consolida seu aprendizado. O que ele aprende
fundamenta a construção e a reconstrução de seus valores e práticas cotidianas
e as suas experiências sociais e culturais. O que o sensibiliza molda a sua
identidade nas relações mantidas com a família, os amigos, os grupos mais
próximos e mais distantes e com a sua geração. O que provoca conflitos e
dúvidas estimula-o a distinguir, explicar e dar sentido para o presente, o
passado e o futuro, percebendo a vida como suscetível de transformação. É
preciso diferenciar, entretanto, o saber que os alunos adquirem de modo
informal daquele que aprendem na escola. No espaço escolar, o conhecimento é
uma reelaboração de muitos saberes, constituindo o que se chama de saber
histórico escolar. Esse saber é proveniente do diálogo entre muitos
interlocutores e muitas fontes e é permanentemente reconstruído a partir de
objetivos sociais, didáticos e pedagógicos.
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo
Geral: Perceber que o conhecimento do passado se transforma e se aperfeiçoa
incessantemente e compreender o passado pelo presente e correlativamente o
presente pelo passado.
3.2 Objetivos específicos
- utilizar
fontes históricas em suas pesquisas escolares;
-Perceber que o
objeto da História não é o passado; seu objeto é o homem, ou melhor, os homens,
mais precisamente “homens no tempo”;
- Compreender
que o tempo é o meio e a matéria concreta da história.
4 CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL
6º ANO –
1º BIMESTRE
- Introdução aos
estudos históricos;
- A História e o
tempo (calendários, divisões do tempo);
- A História e o
Homem;
- Os nossos
antepassados, hominização e a ocupação do espaço geográfico;
- Pré-História
(Paleolítico, neolítico, mesolítico e idade dos metais);
- Pré-história
brasileira;
- O processo de
formação dos primeiros aglomerados humanos e o surgimento das cidades.
2º BIMESTRE
-Civilizações
Orientais: Mesopotâmia, Egito Antigo, África, Fenícia, Palestina, Pérsia, China,
índia. Abordagens: localização e características geográficas. Organização
política, cultural, social e econômica.
3º BIMESTRE
- Civilizações
Ocidentais: a civilização grega. Abordagens: localização e características
geográficas, organização política, cultural, social, econômico e legado para as
sociedades atuais.
4º BIMESTRE
- Civilização
Romana: abordagens: localização e características geográficas, organização
política, cultural, social, econômico e legado para as sociedades atuais.
5 METODOLOGIA
De modo geral, os conhecimentos históricos tornam-se significativos para
os estudantes, como saber escolar e social, quando contribuem para que eles
reflitam sobre suas vivências e suas inserções históricas. Por essa razão, é
fundamental que aprendam a reconhecer costumes, valores e crenças em suas
atitudes e hábitos cotidianos e nas organizações da sociedade; a identificar os
comportamentos, as visões de mundo, as formas de trabalho, as formas de
comunicação, as técnicas e as tecnologias em épocas datadas; e a reconhecer que
os sentidos e significados para os acontecimentos históricos e cotidianos estão
relacionados com a formação social e intelectual dos indivíduos e com as
possibilidades e os limites construídos na consciência de grupos e de classes.
Assim o trabalho com diferenças e semelhanças, bem como continuidades e
descontinuidades, tem o objetivo de instigá-los à reflexão, à compreensão e à
participação no mundo social. É tarefa do professor criar situações de ensino
para os alunos estabelecerem relações entre o presente e o passado, o
particular e o geral, as ações individuais e coletivas, os interesses
específicos de grupos e as articulações sociais. Podem ser privilegiadas as
seguintes situações didáticas:
- questionar os
alunos sobre o que sabem quais suas idéias, opiniões, dúvidas e/ou hipóteses
sobre o tema em debate e valorizar seus conhecimentos;
- propor novos
questionamentos, fornecer novas informações, estimular a troca de informações,
promover trabalhos interdisciplinares;
- desenvolver
atividades com diferentes fontes de informação (livros, jornais, revistas,
filmes, fotografias, objetos etc.) e confrontar dados e abordagens;
- trabalhar com
documentos variados como sítios arqueológicos, edificações, plantas urbanas,
mapas, instrumentos de trabalho, objetos cerimoniais e rituais, adornos, meios
de comunicação, vestimentas, textos, imagens e filmes;
- ensinar
procedimentos de pesquisa, consulta em fontes bibliográficas, organização das
informações coletadas, como obter informações de documentos, como proceder em
visitas e estudos do meio e como organizar resumos;
- promover
estudos e reflexões sobre a diversidade de modos de vida e de costumes que
convivem na mesma localidade;
- promover
estudos e reflexões sobre a presença na atualidade de elementos materiais e
mentais de outros tempos e incentivar reflexões sobre as relações entre
presente e passado, entre espaços locais, regionais, nacionais e mundiais;
- debater
questões do cotidiano e suas relações com contextos mais amplos;
- propor estudos
das relações e reflexões que destaquem diferenças, semelhanças, transformações,
permanências, continuidades e descontinuidades históricas;
- identificar
diferentes propostas e posições defendidas por grupos e instituições para
solução de problemas sociais e econômicos;
- propor aos
alunos que organizem suas próprias soluções e estratégias de intervenção na
realidade (organização de regras de convívio, atitudes e comportamentos diante
de questões sociais, atitudes políticas individuais e coletivas etc.);
- distinguir
diferentes padrões de medidas de tempo, trabalhar com a idéia de durações e
ritmos temporais e construir periodizações para os temas estudados;
- solicitar
resumos orais ou em forma de textos, imagens, gráficos, linhas do tempo, propor
a criação de brochuras, murais, exposições e estimular a criatividade
expressiva.
É importante que o professor sempre explicite sua proposta de trabalho
para os estudantes e retome, algumas vezes, a proposta inicial a fim de que
eles possam decidir sobre novos procedimentos no decorrer das atividades.
Assim, por exemplo, é a problemática inicial que orienta a escolha das fontes
de informação que são mais significativas. Entre as pesquisas realizadas,
algumas podem ser descartadas e outras confrontadas em um processo de avaliação
da importância de suas informações. Imagens podem ser selecionadas entre as
muitas recolhidas, para reforçarem argumentos defendidos ou por revelarem
situações não imaginadas. Textos sobre episódios do passado podem ser organizados
para demonstrarem a especificidade no modo de pensar da época e exemplificarem
conflitos entre grupos sociais.
6 AVALIAÇÃO
No processo de avaliação é
importante considerar o conhecimento prévio, as hipóteses e os domínios dos
alunos e relacioná-los com as mudanças que ocorrem no processo de ensino e
aprendizagem. O professor deve identificar a apreensão de conteúdos, noções, conceitos,
procedimentos e atitudes como conquistas dos estudantes, comparando o antes, o
durante e o depois. A avaliação não deve mensurar simplesmente fatos ou conceitos
assimilados. Deve ter um caráter diagnóstico e possibilitar ao educador avaliar
o seu próprio desempenho como docente, refletindo sobre as intervenções
didáticas e outras possibilidades de como atuar no processo de aprendizagem dos
alunos.
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