ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA ITAJUBÁ
CURSO: ENSINO MÉDIO
PROFESSOR: VITOR MARCELO VIEIRA
PLANO DE ENSINO E APRENDIZAGEM PARA 2º E 3º ANOS DO ENSINO MÉDIO
1 OBJETIVO GERAL DO CURSO DE HISTÓRIA
Antes de relacionar alguns dos conceitos estruturadores da disciplina, é
importante mencionar a historicidade desses conceitos, entendidos como
instrumentos ou, usando uma imagem, como “lentes” através das quais estudamos e
nos posicionamos em relação ao passado e ao presente. O passado pode ser
definido como uma série de eventos que tiveram lugar num momento anterior
àquele que a consciência das pessoas identifica como momento presente. O
passado é, portanto, aquilo que não está, aquilo que não existe mais, mas “sabe-se”
que um dia existiu. Conforme um historiador: Todo ser humano tem consciência do
passado […] em virtude de viver com pessoas mais velhas. Provavelmente todas as
sociedades que interessam ao historiador tenham um passado, pois mesmo as
colônias mais inovadoras são povoadas por pessoas oriundas de alguma sociedade
que já conta com uma longa história.
Ser membro de uma comunidade humana é situar-se em relação ao seu passado
(ou da comunidade), ainda que para rejeitá-lo. O passado é, portanto, uma
dimensão permanente da consciência humana, um componente inevitável das
instituições, valores e outros padrões da sociedade humana (Hobsbawn, 1998, p.
22). O passado pode ser utilizado como padrão para determinadas sociedades que procuram
reproduzir ou conservar em seu cotidiano as “velhas formas do viver”; e pode
também ser usado como um guia de orientação para sociedades que enfrentam pequenas
ou grandes mudanças e necessitam de modelos ou exemplos. O passado pode ainda
ser invocado para justificar ou apoiar determinadas reivindicações ou para
explicar algumas mudanças ou a necessidade delas. De qualquer modo, o passado está
intrinsecamente relacionado com o presente, e é nele que os historiadores, na prática
de seu ofício de reconstituir o passado ou construir o conhecimento histórico, encontram
as “lentes” com que olham para o passado
2 JUSTIFICATIVA
Como se aprende História? Como se ensina História?
Não se aprende História apenas no espaço escolar. As crianças e jovens
têm acesso a inúmeras informações, imagens e explicações no convívio social e
familiar, nos festejos de caráter local, regional, nacional e mundial. São
atentos às transformações e aos ciclos da natureza, envolvem-se com os ritmos
acelerados da vida urbana, da televisão e dos videoclipes, são seduzidos pelos
apelos de consumo da sociedade contemporânea e preenchem a imaginação com
ícones recriados a partir de fontes e épocas diversas. Nas convivências entre
as gerações, nas fotos e lembranças dos antepassados e de outros tempos,
crianças e jovens socializam-se, aprendem regras sociais e costumes, agregam
valores, projetam o futuro e questionam o tempo.
Rádio, livros, enciclopédias, jornais, revistas, televisão, cinema, vídeo
e computadores também difundem personagens, fatos, datas, cenários e costumes
que instigam meninos e meninas a pensarem sobre diferentes contextos e
vivências humanas. Nos Jogos Olímpicos, no centenário do cinema, nos cinqüenta
anos da bomba de Hiroshima, nos quinhentos anos da chegada dos europeus à
América, nos cem anos de República e da abolição da escravidão, os meios de comunicação
reconstituíram com gravuras, textos, comentários, fotografias e filmes,
glórias, vitórias, invenções, conflitos que marcaram tais acontecimentos.
Os jovens sempre participam, a seu modo, desse trabalho da memória, que
sempre recria e interpreta o tempo e a História. Apreendem impressões dos
contrastes das técnicas, dos detalhes das construções, dos traçados das ruas,
dos contornos das paisagens, dos desenhos moldados pelas plantações, do
abandono das ruínas, da desordem dos entulhos, das intenções dos monumentos,
que remetem ora para o antigo, ora para o novo, ora para a sobreposição dos
tempos, instigando-os a intuir, a distinguir e a olhar o presente e o passado
com os olhos da História. Aprendem que há lugares para guarda e preservação da
memória, como museus, bibliotecas, arquivos, sítios arqueológicos. Entre os
muitos momentos, meios e lugares que sugerem a existência da História, estão,
também, os eventos e os conteúdos escolares. Os jovens, as crianças e suas
famílias agregam às suas vivências, informações, explicações e valores
oferecidos nas salas de aula. É, muitas vezes, a escola que cria estímulos ou
significados para lembrar ou silenciar sobre este ou aquele evento, esta ou
aquela imagem, este ou aquele processo.
Algumas das informações e questões históricas, adquiridas de modo
organizado ou fragmentado, são incorporadas significativamente pelo
adolescente, que as associa, relaciona, confronta e generaliza. O que se torna
significativo e relevante consolida seu aprendizado. O que ele aprende
fundamenta a construção e a reconstrução de seus valores e práticas cotidianas
e as suas experiências sociais e culturais. O que o sensibiliza molda a sua
identidade nas relações mantidas com a família, os amigos, os grupos mais
próximos e mais distantes e com a sua geração. O que provoca conflitos e
dúvidas estimula-o a distinguir, explicar e dar sentido para o presente, o
passado e o futuro, percebendo a vida como suscetível de transformação. É
preciso diferenciar, entretanto, o saber que os alunos adquirem de modo
informal daquele que aprendem na escola. No espaço escolar, o conhecimento é
uma reelaboração de muitos saberes, constituindo o que se chama de saber
histórico escolar. Esse saber é proveniente do diálogo entre muitos
interlocutores e muitas fontes e é permanentemente reconstruído a partir de
objetivos sociais, didáticos e pedagógicos.
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo
Geral: Desenvolvimento de competências e habilidades cognitivas que
conduzam à apropriação, por parte dos alunos, de um instrumental conceitual –
criado e recriado constantemente pela disciplina científica –, que lhes permita
analisar e interpretar as situações concretas da realidade vivida e construir
novos conceitos ou conhecimentos.
3.2 Objetivos específicos
- utilizar
fontes históricas em suas pesquisas escolares;
-Perceber que o
objeto da História não é o passado; seu objeto é o homem, ou melhor, os homens,
mais precisamente “homens no tempo”;
4 CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DO ENSINO MÉDIO
Temas
1. O cidadão e o
Estado
2. Cidadania e
liberdade
3. Cidadania e
etnia
• A definição da
cidadania
– Cidadania
ateniense
– Cidadania do
século XVIII: Revolução Francesa
• Participação
política
– Atenas:
participação direta dos iguais
– Brasil
republicano: participação indireta dos desiguais
• A luta pela
liberdade
– Rebelião de
escravos na Roma antiga
– Rebeliões e
resistências dos escravos no Brasil do século XIX
• Liberdade para
lutar
– Movimentos
negros nos EUA: a luta pelos direitos civis
– Movimentos
negros no Brasil: contra discriminação, por trabalho e educação
• Lutas por
autonomia
– Estratégias
terroristas: ETA e IRA
– Estratégias da
guerra: Guerra da Iugoslávia e/ou guerras étnicas no continente africano
• Direito de
expressão
– O direito à
beleza: arte e moda étnicas
Cidadania:
diferenças e desigualdades
O conceito de Estado
• Transformação
histórica do conceito
– Reinos
europeus e monarquias absolutistas
– Revolução
Francesa e Revolução Americana
• Princípios,
doutrinas e ideologias
– Princípio das
nacionalidades
– Liberalismo e
nacionalismo
5 METODOLOGIA
É importante que o professor sempre explicite sua proposta de trabalho
para os estudantes e retome, algumas vezes, a proposta inicial a fim de que
eles possam decidir sobre novos procedimentos no decorrer das atividades.
Assim, por exemplo, é a problemática inicial que orienta a escolha das fontes
de informação que são mais significativas. Entre as pesquisas realizadas,
algumas podem ser descartadas e outras confrontadas em um processo de avaliação
da importância de suas informações. Imagens podem ser selecionadas entre as
muitas recolhidas, para reforçarem argumentos defendidos ou por revelarem
situações não imaginadas. Textos sobre episódios do passado podem ser
organizados para demonstrarem a especificidade no modo de pensar da época e
exemplificarem conflitos entre grupos sociais.
Consideraremos, portanto, o tempo como construção humana e o tempo
histórico como construção cultural dos povos em diferentes épocas e espaços. No
início do nosso texto usamos as palavras de Hobsbawn para afirmar que todos os
seres humanos têm consciência do passado. Entretanto, para as diversas
culturas, o passado pode ter sentidos diferentes correspondentes às diferentes
maneiras de vivenciar e apreender o tempo e de registrar sua duração e a
sucessão dos eventos – e que podem ser incluídos como objetos de estudos
históricos.
6 AVALIAÇÃO
No processo de avaliação é
importante considerar o conhecimento prévio, as hipóteses e os domínios dos
alunos e relacioná-los com as mudanças que ocorrem no processo de ensino e
aprendizagem. O professor deve identificar a apreensão de conteúdos, noções, conceitos,
procedimentos e atitudes como conquistas dos estudantes, comparando o antes, o
durante e o depois. A avaliação não deve mensurar simplesmente fatos ou conceitos
assimilados. Deve ter um caráter diagnóstico e possibilitar ao educador avaliar
o seu próprio desempenho como docente, refletindo sobre as intervenções
didáticas e outras possibilidades de como atuar no processo de aprendizagem dos
alunos.
BIBLIOGRAFIA
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Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. Trad. Yara
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