sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

A VIDA É UMA ARTE

Ler as palavras do link a seguir é regozijante...


http://alexm.com.br/2014/02/12/45-licoes-de-vida-escritas-por-um-senhor-de-90-anos/

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O TRABALHO NÃO DIGNIFICA, O PRAZER DIGNIFICA

Devemos ser apaixonados pelo conhecimento, pela liberdade, pela igualdade. Devemos ter amor pela transformação de um mundo injusto em mais justo, para as pessoas que sofrem, mais justo para as crianças pobres que são vítimas de um sistema voraz que sempre lhe diz não e faz recair sobre a cabeça dos mais fracos mensagens de que eles não gostam de trabalhar, por isso são pobres. Se fosse assim, (respeito os garis) os garis seriam os mais ricos financeiramente, porque trabalham dia e noite. Que são fracassados por sua culpa. Sistema que machuca, que diz não, que estigmatiza, que...faz....chorar.....

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

TODOS OS DIAS, OS DIREITOS HUMANOS SÃO DESRESPEITADOS

Os direitos humanos no Brasil, são desrespeitados todos os dias, a toda hora. Quando um trabalhador é humilhado por sua condição no dia a dia no trabalho. Quando a mãe, o pai e os filhos, ou seja, toda uma família pobre são acusados de serem vagabundos por sua condição. Entende-se que a culpa, dessas pessoas estarem nessa situação de pobreza, é delas mesma, quando a causa está no sistema, que não lhe dá dignidade e educação com respeito. Todos os dias, a ignorância leva à pobreza, e os direitos humanos são desrespeitados. Sobre esse tema, assista o vídeo no link à seguir:



http://portacurtas.org.br/filme/?name=direitos_humanos_a_excecao_e_a_regra

"EU SOU TERRÍVEL"

As vezes meus olhos ficam arregalados...


DESVENDAR QUE O PROBLEMA PELA SUA CONDIÇÃO, ESTÁ FORA DE SI.

Numa sociedade capitalista, que por sua própria natureza, promove exclusão social, o maior ato de rebeldia contra o sistema, que a criança pobre deve empreender, é buscar o conhecimento, ser estudioso e principalmente, conhecer tal sistema, para desvendar sua desumanidade.







terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

JOVENS ESTUDANTES NÃO QUEREM SER PROFESSORES


Levantamento mostra que 59,77% acham profissão desvalorizada e com más condições.

Por Rauqel Sodré (O Tempo)
Ser professor do ensino básico não é uma alternativa para a maior parte dos estudantes brasileiros. É o que mostra pesquisa recente realizada pelo núcleo de estagiários e aprendizes Nube. A enquete online perguntou aos estudantes “você tem vontade de ser professor do ensino fundamental e médio?” e contou com a participação de 6.910 jovens. Desses, 40,08% responderam “não, é uma profissão cada vez mais desvalorizada”, e 19,69% marcaram a opção “Já tive vontade, mas desisti pelas más condições”.
“O que a pesquisa frisa é a imagem que o jovem tem do sistema de ensino no Brasil, que ele vê com descrédito. Esse jovem vê os colegas desacatando os professores e escolhe não ser professor”, analisa o psicólogo Henrique Ohl, que atua como analista de treinamento no Nube.
As salas de aula refletem bem o resultado da pesquisa. Em uma das turmas de 1º ano do ensino médio do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), em Ouro Preto, somente três dos 25 alunos presentes no dia da visita da reportagem de O TEMPO afirmaram ter vontade de ser professor. “Eu não seria porque minha mãe é professora e eu vejo o esforço que ela faz. Todos os dias, ela prepara as aulas e, muitas vezes, chega em casa chateada porque não consegue dar as aulas do jeito que ela havia planejado. Todo mundo desrespeita, é uma vergonha. E ela não recebe bem”, conta a estudante Clara Tossige, 16.
Desencontro. Outro fator que contribui para esse desinteresse é a distância que a escola tomou da realidade de crianças e adolescentes. “Há uma tendência (por parte dos estudantes) à negação da escola, pois ela tende a não reconhecer as especificidades do jovem”, comenta o integrante do Observatório da Juventude da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Juarez Dayrell. Ele afirma que as escolas ignorarem o novo estilo de vida promovido pelos avanços tecnológicos também não contribui para uma melhor visão da instituição. “Hoje, o menino entra no Google e fica sabendo de qualquer assunto. A escola continua insistindo na transmissão – e não na produção – de conhecimento e se tornou muito chata”, condena.
A solução para esse conflito é apresentada pelos próprios estudantes. “Alguns professores conseguem fazer com que seus alunos tenham vontade de aprender. Diversificar o modo de ensino e sair um pouco do padrão algumas vezes já torna a aula interessante”, revela a estudante Letícia Anjos, 16. E essa quebra de protocolo pode ser feita mesmo sem o uso de tecnologias. “Muitas vezes, o professor insere as tecnologias na aula, mas de forma totalmente despreparada”, opina Lucas de Castro, 15.
Apagão. Com tamanho desinteresse por uma carreira de licenciatura, já é possível prever um “apagão” de professores. “Já demos um primeiro passo nessa direção. Segundo o Ministério de Educação e Cultura, temos um déficit de 180 mil profissionais para vagas de matemática, física e química”, afirma Ohl. Mas isso não significa que o Brasil ficará sem professores. “Essas vagas serão ocupadas por outros profissionais. Engenheiros para as aulas de física, por exemplo”.
Se, por um lado, os jovens não mostram vontade de ser professor, por outro, sabem que suas opiniões ainda têm muito a mudar. “Vocação não é alguma coisa que você tem, é algo que você vai adquirindo com a idade”, reflete o estudante Daniel Alves, 16, com a sabedoria de um professor.
19,5% dos estudantes fazem cursos de licenciatura, que lhes habilitam a dar aulas para o ensino básico.
Fonte: O Tempo

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

FIQUE LONGE DOS BAJULADORES

Realmente, as vezes, as pessoas que bajulam, rapidamente e do nada, lhe dão elogios, que possuem uma retórica (arte de bem falar) de palavras bonitas e que aparentemente lhe agradam, dando a entender que se identificam com você, são pessoas perigosas e que de alguma maneira podem lhe prejudicar. Afaste-se delas.


OS PRIMEIROS DIAS DE AULA DO ANO

Essas caricaturas são boas para levar tudo na maior curtição



METAMORFOSE AMBILANTE

Sou mais Raul: "Prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo". Assista o vídeo no seguinte link:

EDUCAÇÃO: PROJETO DA CLASSE BURGUESA

Eis que me deparo com mais uma daquelas frases impactantes e reveladoras, vinda de uma pessoa conhecida mundialmente pela sua obra e seu pensamento, o antropólogo Darcy Ribeiro. Ele mesmo que escreveu parabenizando a burguesia brasileira, pois nenhuma no mundo conseguiu com tanta eficiência convencer as camadas populares de que seu projeto é o "bom" para todos.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A seguinte reportagem foi publicada no site do MEC nesta quarta -feira dia 12. Aborda a questão da educação do campo. Hoje existem ainda muitas escolas no campo que fazem parte da vida das pessoas que vivem no campo. Essas pessoas se identificam com a escola e a escola deve sobretudo também buscar se identificar com estas pessoas. Uma das formas é promover ações educativas que integrem as famílias de camponeses no mundo escolar. O objetivo dessa integração deve ser o de proporcionar o pleno exercício da cidadania no campo. Sou professor de uma escola do campo com muito orgulho: a EEB. Itajubá, localizada no Distrito de Itajubá, município de Descanso-SC. Fazer parte do universo da vida das crianças e adolescentes que trabalham e estudam nesta comunidade é muito gratificante. As crianças vivem a escola e nós enquanto educadores precisamos também nos identificar com isso, buscando efetivar igualdade dos cidadãos que vivem no campo com os moradores da área urbana. Visando isso é que recortei a matéria à seguir do site do MEC:

Ministro ouve reivindicações e assegura que comunidades do campo serão consultadas: “Queremos colocar como condição para fechar uma escola a consulta à comunidade” (foto: João Neto/MEC)

"O ministro da Educação, Henrique Paim, recebeu na manhã desta quarta-feira, 12, um manifesto dos sem-terrinha, crianças do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) que participam do 6º Congresso Nacional da organização, em Brasília. Na carta, os sem-terrinha pedem mais acesso à educação, transporte escolar e alimentação saudável.
Paim reiterou o compromisso do MEC de reduzir as desigualdades entre a educação no campo e na cidade. ”Queremos que vocês tenham melhores condições para a educação no campo, e esse é um trabalho permanente”, afirmou.
Sobre o fechamento de escolas no campo, uma das reclamações do movimento, Paim disse que o Ministério da Educação tem a mesma preocupação. O ministro lembrou que o MEC enviou ao Congresso Nacional projeto de lei (nº 3.534, de 2012) que altera dispositivo da Lei de Diretrizes e Bases da Educação [Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996] sobre o processo de fechamento de escolas. “Queremos colocar como condição para fechar uma escola a consulta à comunidade”, afirmou o ministro. “A comunidade precisa ser ouvida, é preciso ouvir os conselhos estaduais e municipais de educação.”
Valorização — As iniciativas do MEC para o campo estão voltadas para garantir o acesso e a permanência na escola, a aprendizagem e a valorização do universo cultural das populações do campo. O Programa Nacional de Educação do Campo (Pronacampo) inclui ações de apoio ao desenvolvimento de práticas de gestão, à formação inicial e continuada de professores, à educação tecnológica e de jovens e adultos e à melhoria da infraestrutura física e tecnológica dos equipamentos.
Na área de formação de professores das escolas do campo, foram criados 42 novos cursos de licenciatura em 38 universidades federais e em cinco institutos federais de educação, ciência e tecnologia. Cerca de 5 mil vagas são abertas por ano.
Por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE Campo), o MEC tem investido, desde 2012, cerca de R$ 395 milhões em manutenção, conservação e pequenos reparos de instalações, equipamentos, abastecimento de água e saneamento de escolas. Os estudantes das áreas rurais são atendidos também pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD Campo). Mais de 2,1 milhões de alunos de turmas do 1º ao 5º ano do ensino fundamental receberam obras específicas para a educação no campo em 2013. O investimento foi de R$ 37 milhões.
O campo também é contemplado pelo programa Caminho da Escola, de transporte de estudantes. Entre 2008 e 2013, o MEC investiu mais de R$ 4,4 bilhões. Em 2012, foram adquiridos 10,9 mil ônibus para as zonas rurais; em 2013, foram comprados 2.919 veículos".

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

BANDIDO SOCIAL

Após verificar as frases seguintes é conveniente ler o livro do historiador marxista Eric Hobsbaw: "Bandidos", que utiliza o conceito de bandido social. O conceito de bandido mudou muito do século XVIII para cá e sofreu uma depreciação e um estigma ainda mais violento. Hoje ele é visto como "terrorista"


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA

A Sociologia constituiu-se muito recentemente como um campo específico de
estudos. Foi durante o século XIX que a preocupação de determinados pensadores
e investigadores sociais deu origem à ciência da sociedade, Isto é, a um novo campo
do saber voltado para a compreensão da vida do ser humano em grupo e para as
regras e fundamentos das sociedades.


A estruturação da Sociologia como ciência da sociedade somente aconteceu com o
desenvolvimento da razão, da ciência e da sociedade industrial. Era necessário,
naquele momento, desenvolver um conjunto de explicações racionais e científicas,
fruto da investigação empírica metódica, que conseguisse definir, analisar e, talvez,
prever e controlar os novos fenômenos sociais que apontavam para uma nova
sociedade – a sociedade industrial estruturada em classes sociais. Era necessário,
também, para melhor entender a complexidade da vida moderna, marcar as
fronteiras entre conhecimento sociológico e senso comum, isto é, estabelecer os
limites entre a ciência social emergente e outros tipos de conhecimento baseados
em opiniões, na tradição e no costume, nos preceitos religiosos etc.

Durkheim, Weber e Marx, os assim chamados clássicos da Sociologia,
preocuparam-se o tempo todo com a elaboração de métodos e técnicas de pesquisa
social, que lhes permitissem entender e explicar a realidade social. Ao mesmo
tempo, procuraram estabelecer alguns dos conceitos básicos do conhecimento
sociológico de sua época, tais como os conceitos de fato social, de ação social e de
classe social.

As grandes transformações sociais–políticas–culturais ocorridas no século XX,
frutos do desenvolvimento econômico acelerado, exigiram dos cientistas sociais a
formulação de novas teorias, novos conceitos e novas categorias de análise, na
tentativa de explicar a complexidade, as riquezas e as misérias da vida em
sociedade.

A sociologia contemporânea está, atualmente, muito empenhada em oferecer,
tanto ao estudioso, quanto ao estudante, a melhor compreensão possível das
estruturas sociais, do papel do indivíduo na sociedade e da dinâmica social, isto
é, das possibilidades reais de transformação social, na procura de uma sociedade
mais justa e solidária.

Dessa forma, um dos conceitos estruturadores da Sociologia atual é o de
cidadania. Para a elaboração desse conceito é fundamental uma pesquisa que
considere as relações entre indivíduo e sociedade; as instituições sociais e o
processo de socialização; a definição de sistemas sociais; a importância da
participação política de indivíduos e grupos; os sistemas de poder e os regimes
políticos; as formas do Estado; a democracia; os direitos dos cidadãos; os
movimentos sociais, entre outros princípios.


A participação política do cidadão e dos grupos acontece no interior de
sociedades organizadas. Um dos elementos estruturantes do social é o
econômico. Portanto, outro conceito fundamental do conhecimento sociológico
é o de trabalho.

Os fundamentos econômicos da sociedade; os modos de produção; a produção
e o consumo; a mercadoria; o capital; a exploração e o lucro; as desigualdades
sociais; a estratificação social; as classes sociais; o desenvolvimento e a pobreza;
a tecnologia; o emprego e o desemprego; os países ricos e os países pobres; a
globalização etc., constituem alguns dos conceitos associados ao trabalho. É
perfeitamente possível a montagem de um curso anual de Sociologia tendo o
trabalho como conceito gerador das atividades pedagógicas.

Os produtos do trabalho humano geram outro conceito fundamental da
Sociologia: o de cultura. O conceito de cultura lembra identidade cultural;
diversidades culturais; ideologia e alienação; indústria cultural e meios de
comunicação de massa; cultura popular e cultura erudita; tradição e renovação
cultural; contracultura; cultura e educação etc. O conceito de cultura permite
uma série de atividades escolares voltadas para a análise do cotidiano. O aluno
pode trazer, da comunidade para dentro da Escola, diversas manifestações
culturais com as quais se identifica. O uso de recursos audiovisuais também é
facilitado, porque a televisão e o cinema deverão ser, sem dúvida, objetos de

análise e de debates em sala de aula.



REFERÊNCIA: Orientações Educacionais Complementares aos P a r â m e t r o s C u r r i c u l a r e s N a c i o n a i s. Os conceitos estruturadores da Sociologia, p. 87-88.



terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Vampiros: um mito em constante reinvenção

Retirei o artigo a seguir do site do Café História. Vale a pena conferir. Trata-se de uma abordagem sobre o mito do vampiro, hoje retratado no cinema com bastante intensidade. Após ler o seguinte artigo, adquira e leia o livro clássico de Bram Stocker intitulado "Drácula". Sem dúvida é uma leitura clássica que deve estar presente em nossa biblioteca.


Contemporâneos ou Antigos. Asquerosos ou charmosos. Sociáveis ou seres Isolados na penumbra. Os vampiros, das lendas antigas ao cinema do século XXI, sempre despertaram enorme curiosidade entre os homens. Em artigo exclusivo para o Café História, a historiadora Maytê Vieira, que estudou o tema em seu mestrado em História pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), oferece um olhar histórico extremamente interessante e revelador a respeito desta figura tão presente em nossa cultura. Então, prepare o crucifixo, cubra-se de alho, espirre água benta no computador e faça uma boa leitura!
Por Maytê Vieira
Personagem frequente da literatura, do cinema e também da televisão, o vampiro tem se mostrado em inúmeras formas e com diversas faces, demonstrando sua capacidade de adaptação e reinvenção através dos anos. Porém, o mito das criaturas sugadoras de sangue se perde na aurora dos tempos. Desde sempre, os mais diversos países e culturas contam com a presença destes seres. Da antiga Babilônia às lendas judaicas, da Roma à Grécia antigas, do Egito à China existem histórias sobre vampiros que aterrorizam e espalham a morte por onde passam.
Porém, o vampiro contemporâneo, aquele que mais conhecemos, é bem diferente daqueles propagados pelas lendas. Ele surgiu através da literatura baseado nos relatos do padre beneditino francês Augustin Calmet, enviado no século XVIII, em plena era da Luzes para investigar, a mando da Igreja, um surto de vampirismo no leste europeu. A intenção de Calmet era desmistificar o suposto surto e demonstrar que tudo não passava de histeria coletiva. O que aconteceu foi que, ao final de sua investigação, ele não chegou à uma conclusão precisa. Calmet fez uma compilação de casos e descreveu em detalhes o que testemunhou no Traité sur les apparitions des esprits, et sur les vampires, ou les revenans de Hongrie, de Moravie (1), publicado em 1746, tendo uma nova edição revista e ampliada em 1751 que foi traduzida para o inglês, o que mostra o alcance de seu tratado. Seu interesse foi despertado em 1732 quando a revista Le Glaneur Hollandais (2) publicou em detalhes um caso que deu início à discussão sobre a existência ou não dos vampiros. A história do suposto vampiro Arnold Paul teve repercussão imediata em toda a Europa. A investigação do caso, autorizada pela monarquia austríaca, resultou no relatório Visum e repertum (3), que informava sobre a abertura dos túmulos, exumação dos corpos e condições em que foram encontrados. O caso, discutido entre os eruditos e filósofos iluministas, ganhou visibilidade. Obviamente que suas discussões tinham a intenção tanto de desacreditar os casos quanto Calmet. Com o tempo, o assunto foi esquecido e o tratado se tornou relíquia intelectual. Porém, a enorme compilação de casos acabou por promover a crença e colocar de vez o vampiro no mundo moderno.
A redescoberta desta compilação foi feita pela literatura do século XVIII, que se apropriou dos casos e transformou o vampiro. Os vampiros originários dos relatos recolhidos por Calmet não seriam convidados por ninguém para o convívio em sociedade. Eram seres repugnantes, cadáveres reanimados, inchados, vermelhos, com unhas sujas e compridas, cheirando mal e, em alguns casos, com o corpo em princípios de decomposição. Eram mortos vivos e não tinham nada de atraente ou sedutor. Coube à literatura, com maior influência no século XIX, modificar isto (4).
Somente em fins do século XVIII e início do XIX é que no encontro do modelo milenar com a estética da época – a dos contos de terror, da gothic novel que nos deu os grandes clássicos como DráculaO médico e o monstro eFrankenstein, além das telas de Goya e os contos e poemas de Goethe – o vampiro ganhou o status literário (5).
No ano de 1819 foi publicado The Vampyre, um conto escrito por John Polidori. O conto deu origem a Lord Ruthven, um aristocrata viajante “de olhos cinzentos e frios e tez lívida, que parece querer provocar angústia nas criaturas mais frívolas”. Atraia mulheres inocentes para se alimentar de seu sangue, tem força sobre humana e à luz da lua pode curar-se. Este é considerado por muitos como a base da ficção moderna sobre os vampiros. Polidori reuniu alguns elementos que seriam utilizados mais tarde, num texto literário coeso, transformando o monstro dos relatos folclóricos num aristocrata sedutor e perverso, um ser que podia conviver em sociedade e escolher suas vítimas nos mais diversos países por onde viajava. “[...] estabeleceu de uma vez por todas o protótipo para o vampiro da literatura, do teatro e posteriormente do cinema.” Alguns anos depois de 1845 a 1847, Varney, the Vampire, do inglês James Malcolm Rymer,, publicado em folhetins na Inglaterra, contribuiu “com a característica mais contundente ao vampiro: seus longos e afiados caninos que perfuravam o pescoço das vítimas para obtenção do sangue.” (6) Outro enriquecimento essencial foi dado por um autor anônimo que escreveu o conto O estranho misterioso, em 1860. Nele, o vampiro dormia durante o dia em um caixão numa cripta da capela de seu velho castelo em ruínas, não comia e não bebia com os humanos, havia sido uma pessoa má e cruel em vida e dominava os lobos ferozes.
Mesmo tendo sido produzidos uma série de histórias e contos de horror no século XVIII, poucos foram sobre vampiros, numa comparação com as outras temáticas sobrenaturais e, menos ainda, em comparação com a produção literária atual. A mudança viria em 1897 quando o vampiro finalmente se tornaria imortal pela pena do escritor Bram Stoker. Conhecendo as características dos vampiros anteriores, ele juntou todos os ingredientes em seu vampiro, que ser tornou o padrão para todos os posteriores.
Para completar, Stoker acrescentou mais algumas numa mistura de conhecimento das lendas antigas e invenção. Ele criou um ser diabólico, podendo assim ser derrotado pelos símbolos católicos; é a partir dele que o vampiro passa a temer o crucifixo. Também são criações de Stoker: a sensualidade no relacionamento entre o vampiro e sua vitima, o elo profundo que se forma com a vítima que bebe o sangue do vampiro; a necessidade descansar num caixão com sua terra nativa; de convite para entrar nos locais privados (residências); a habilidade da transformação em morcego e pequenos animais, em névoa, o controle das tempestades e não ser refletido em espelhos (7).
Entretanto, a mais marcante inclusão de Stoker foi ligar o personagem mítico a um personagem histórico real que ele descobriu em suas pesquisas sobre o folclore e a história, mais especificamente da Transilvânia, o príncipe Drácula. Conhecido por Vlad Berasab, Vlad Draculea ou Vlad Tepes, ele governou a Valáquia, distrito da Romênia, durante o século XV. Bram Stoker usou sua história pra inspirar seu personagem. Seu pai, também Vlad, foi nomeado cavaleiro da Ordem do Dragão, pelo imperador Sigismundo, daí vem o nome Dracul (dragão em romeno) (8). Seu filho, Vlad Tepes, ficou conhecido por Draculea (filho do dragão). O apelido Tepes, veio mais tarde, fruto de sua forma preferida de tortura: a empalação, que mantinha suas vítimas em uma lenta agonia por horas até a morte. Ficando assim conhecido como Vlad Tepes ou Vlad, o Empalador. Era sanguinário, mas obviamente, não era um vampiro. (Acima, imagem do manuscrito de Vlad Tepes)
A fama de Drácula atravessou a Europa 400 anos antes do livro de Stoker, através dos manuscritos alemães, eslavos e turcos, e sua imagem de sanguinário e cruel foi difundida por toda a Europa pelos alemães, principalmente os ressentidos pela política nacionalista de Vlad, que os reprimia e matava por serem comerciantes estrangeiros, enquanto ele buscava fortalecer a economia regional dos próprios romenos. Como vingança pintaram-no como o próprio demônio por toda a Europa. Estes manuscritos disseminaram sua fama de governante cruel e diziam que Drácula, para comer o pão, molhava-o no sangue de suas vítimas. Tendo conhecimento destes documentos, Stoker criou o estereótipo do vampiro: o conde Drácula. A partir dele centenas de romances, contos e histórias em quadrinhos foram criados.
A literatura moldou e transformou o monstro até o século XIX. A partir do século XX o cinema assumiu o processo de criação do vampiro e a consolidação de sua imagem, transformando-o sempre e cada vez mais. Entre muitos, um exemplo é a mudança na imagem do vampiro em Nosferatu (1922) e Drácula de Bram Stoker (1992), respectivamente as visões dos diretores Murnau e Coppola. Os filmes, feitos com 80 anos de diferença trazem as marcas de seus períodos e a possibilidade da análise como representação dos medos ou anseios de suas sociedades. Atualmente, na literatura, no cinema e, principalmente na televisão, o vampiro é representado cada vez mais jovem, sedutor e humanizado. Consequencia do sucesso de Anne Rice e suas Crônicas Vampirescas que, com Entrevista com o vampiro, publicado em 1976, trouxe a narrativa com o vampiro como protagonista buscando a razão para sua existência e compreensão de sua natureza. Para ele, Louis, ser vampiro é um fardo.
A definição do vampiro em Bram Stoker e a mudança de sua imagem e personalidade feita por Anne Rice nos trouxeram aos vampiros atuais de J. L. Smith (Diários do vampiro(9), Charlaine Harris (Southern Vampire Mysteries(10) e, finalmente, a saga Crepúsculo escrita por Stephanie Meyer e adaptada para o cinema causando controvérsias e atingindo grandes vendas e bilheteria. Isto para comentar apenas os mais conhecidos e famosos.
O tema em si é inesgotável, poderíamos escrever centenas de páginas para esclarecer cada ponto, mas devido ao espaço resumimos a discussão. A grande questão é a permanência destes seres em nosso imaginário e sua capacidade de se moldar a cada período, encaixando-se dentro de cada época. O vampiro é imortal por sua persistência em sobreviver em nossos sonhos e medos.
Notas:
(1) Tratado sobre a aparição de espíritos e sobre os vampiros ou os revividos da Hungria, da Morávia, etc.
(2) Le Glaneur Hollandais – Revista franco holandesa que circulava na corte de Versalhes (França). O caso Arnold Paul foi publicado na edição número 3 de março de 1732.
(3) Uma cópia do relatório pode ser encontrada no livro de História dos vampiros: autópsia do mito de Jean-Claude Lecouteax. 
(4) ARGEL, M. e MOURA NETO, H. (org.). O vampiro antes de Drácula. São Paulo: Aleph, 2008. 
(5) COSTA, Flávio Moreira da. (Org.) 13 melhores contos de vampiros. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.
(6) BRITES, Claudio. (Org.) O livro negro dos vampiros. São Paulo: Andross, 2007.
(7)  MELTON, G. J. O livro dos vampiros. São Paulo: M. Books do Brasil, 2003. 
(8) Dracul também pode ser traduzido como demônio, o que aumentou o interesse de Stoker.
(9) Adaptado para televisão como série pela CW (EUA)
(10) Conhecido também como a série Sookie Stackhouse, adaptado para televisão como True Blood pela HBO (EUA)
Sobre a autora: Licenciada em História pela FAFIUV (UNESPAR) e Mestre em História pela UDESC. Minhas áreas de interesse vão do imaginário ao cinema com ênfase no vampiro. Tento ler e assistir tudo que é produzido sobre vampiros para entender a permanência destes seres míticos e sua evolução. Para conhecer mais sobre minhas pesquisas, acesse meu blogwww.mitoseimaginario.com.br